segunda-feira, 20 de julho de 2015

Escritadoria

Toda a vida contei histórias. A minha irmã sabe, foi a minha primeira ouvinte, quando me inclinava sobre a cama dela ou a puxava para a minha, à noite, já tarde, na loucura das 21 ou 22 horas em dias de colégio, e lhe contava as aventuras da Tolinha e do Tolinho. Ainda os imagino exatamente como os imaginava há vinte anos atrás.
Quando aprendi a ler e a escrever passei a pôr no papel todas as ideias que tinha. A maioria eram histórias lamecho-românticas sem grande conteúdo, com elementos de suspense óbvio e só não lhes chapava fragmentos informativos da wikipedia porque, bem, na altura ela ainda não existia.
Tenho cadernos escritos até meio, recheados de personagens e de vidas que, provavelmente, poderiam ainda hoje originar uma macedónia interessante. Ando sempre com um mínimo de duas canetas na carteira e uma folha, de preferência um caderno, para escrever. Às vezes o telemóvel tem de servir.
Surgiram os blogs e achei que colmatariam a falta que me fazia não ter um público para quem escrever e que me desse o seufeedback, porque é para isso que serve a (minha) escrita: comunicar, estabelecer um contacto único com quem me lê.
No entanto, o meu ponto forte é a escrita e peco pela falta de esforço na divulgação dos meus textos.
Foi então que, num momento de epifania reveladora, percebi exatamente aquilo que me faltava: um grupo de escrita e de leitura dos escritos. Foi exatamente isso que procurei e foi exatamente isso que não encontrei.
Desta vez, porém, não baixei os braços e se aquilo que eu queria, de que eu precisava não existia, então tinha de ser eu a criá-lo. Atirei a ideia ao ar, na verdade expu-la no facebook, que é o meu grande aliado nesta jornada, e vi, com uma enorme surpresa e satisfação, que não estava sozinha nesta ideia louca de reunir estranhos com as suas histórias tão diferentes, apenas com o intuito de escrever e de partilhar as suas escritas.
Num cantinho do Costa Coffee da Baixa do Porto, ao sabor de uma chávena de café e de, claro, três Creamy Cooler de framboesa e chocolate branco, quatro meninas fizeram nascer a Escritadoria - a nossa fábrica de histórias.
Estamos a dar os primeiros passos e, por isso mesmo, os piquinhos no nariz intensificam-se ao ver um dos meus sonhos materializar-se entre as minhas mãos.