quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Destino

Tanta coisa que nos ficou por fazer, tantos momentos que deixámos por viver, tantos sítios aonde não chegámos a ir juntos, tantos planos que não serão cumpridos.
Lembro-me de uma manhã, deitada nos teus braços, quando estudaste o espaço necessário em tua casa para as minhas coisas, e tive a certeza errada de que um dia era lá que iria viver, contigo, com o que é meu, o que é teu e o que seria nosso.
Imaginei os nossos filhos, a cor dos olhos deles, o formato do cabelo, o sentido de humor e a altura. Não seriam muito altos, sabes? Mas seriam bonitos. Seriam perfeitos e far-nos-iam felizes, numa casa grande cheia de crianças, que cresceriam e trariam os amigos para jantar ou passar a tarde e para quem eu cozinharia e tu passarias a ferro.
Adaptei-me ao teu espaço, às tuas pessoas, aos teus hábitos e tu adaptaste-te a mim. Aprendemos e quisemos continuar a treinar esta dança que é vivermos juntos, fazermos planos, idealizarmos seja o que for.
Houve um momento em que tivemos o mundo aos nossos pés. Demos as mãos e pisámo-lo, porque podíamos dominá-lo: estávamos juntos, conseguíamos ser invencíveis. E tudo se conjugava para que fôssemos bem-sucedidos naquilo que nos cumpríamos a fazer.
Encaixamos um no outro como se eu te pertencesse a ti e tu a mim. Como se tivéssemos sido postos neste mundo para nos conhecermos, para nos complementarmos e para nos fazermos felizes.
Mas o mundo arrependeu-se, separou-nos, afastou-nos e atirou-nos para destinos separados.
Agora resta-me aprender a viver sem uma parte de mim e com a certeza que muitos não têm de que já encontrei a minha alma-gémea.