Tanta coisa que nos ficou por fazer, tantos momentos
que deixámos por viver, tantos sítios aonde não chegámos a ir juntos, tantos
planos que não serão cumpridos.
Lembro-me de uma manhã, deitada nos teus braços,
quando estudaste o espaço necessário em tua casa para as minhas coisas, e tive
a certeza errada de que um dia era lá que iria viver, contigo, com o que é meu,
o que é teu e o que seria nosso.
Imaginei os nossos filhos, a cor dos olhos deles, o
formato do cabelo, o sentido de humor e a altura. Não seriam muito altos,
sabes? Mas seriam bonitos. Seriam perfeitos e far-nos-iam felizes, numa casa
grande cheia de crianças, que cresceriam e trariam os amigos para jantar ou
passar a tarde e para quem eu cozinharia e tu passarias a ferro.
Adaptei-me ao teu espaço, às tuas pessoas, aos teus
hábitos e tu adaptaste-te a mim. Aprendemos e quisemos continuar a treinar esta
dança que é vivermos juntos, fazermos planos, idealizarmos seja o que for.
Houve um momento em que tivemos o mundo aos nossos
pés. Demos as mãos e pisámo-lo, porque podíamos dominá-lo: estávamos juntos,
conseguíamos ser invencíveis. E tudo se conjugava para que fôssemos bem-sucedidos
naquilo que nos cumpríamos a fazer.
Encaixamos um no outro como se eu te pertencesse a ti
e tu a mim. Como se tivéssemos sido postos neste mundo para nos conhecermos, para
nos complementarmos e para nos fazermos felizes.
Mas o mundo arrependeu-se, separou-nos, afastou-nos e
atirou-nos para destinos separados.
Agora resta-me aprender a viver sem uma parte de mim
e com a certeza que muitos não têm de que já encontrei a minha alma-gémea.
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