domingo, 11 de outubro de 2015

Despertar

Convidaste-me para jantar.
O meu coração disparou, senti o sangue aflorar-me às bochechas e a voz prendeu-se-me na garganta, incapaz de sair coerentemente, por entre golfadas de sons incompreensíveis que ficavam a pairar entre nós.
Franziste a testa, intrigado com a minha falta de resposta.
- Que se passa?
Insegura das minhas palavras, respondi-te:
- Já tenho outros planos...
- Quais? - perguntaste.
- Vou jantar...
- Com quem?
Desviei os meus olhos dos teus e respondi-te:
- Com o Vítor...
Deste um passo atrás, com a testa ainda mais franzida, e disseste-me:
- Não acho isso correto.
- Porquê? - perguntei eu, visivelmente perturbada pela incoerência da nossa relação.
Mas o teu sorriso rasgado, sabendo da novidade que me ias dar, completamente consciente da felicidade que as tuas palavras me iam fazer sentir, respondeste:
- Porque estamos juntos...
Antes de poder retribuir-te o sorriso, acordei com o ritmo do coração acelerado. Por dois breves segundos, questionei-me se teria sido uma recordação. E sorri.
Não estavas ali. Não tinha sido uma recordação.

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