Lisboa era
a cidade onde gostaria de ter frequentado a faculdade, onde passei os meus
verões com os meus primos e para onde, mais tarde, tive de deslocar-me para
reencontrar os meus amigos migrantes. Hoje continua a ser uma cidade à qual não
conheço os cantos, por onde me perco – o que não é assim tão difícil, para
falar a verdade – e onde me sinto, de certa forma, em casa.
Já lá não
ia desde agosto, no meu final em grande das férias, pelo que não podia recusar
o convite de lá voltar, especialmente na companhia do meu Lado lunar. A ideia era apenas levar o livro até às mãos dos meus
lisboetas, mas fui convidada para me juntar à apresentação de um outro livro (Laços de luar e outras histórias, de
Teresa Brinco de Oliveira), com quem partilhei a biblioteca da peculiar Casa do
Alentejo.
Aproveitei
para almoçar n’A Lota, para beber uma
cidra no Topo do Martim Moniz e jantar
no Can the Can, quase beber um copo
no Cais do Sodré, rever família e amigos, voltar ao Castelo de São Jorge onde
passava as tardes a dar cambalhotas quando era criança, subir e descer ruas,
fugir à chuva e à maratona, almoçar no Honorato
e, claro, trazer de sobremesa um pão de deus da Padaria Portuguesa.
Há qualquer
coisa naquela cidade. Talvez a luminosidade, talvez o calor que sinto quando lá
chego, talvez o céu que, mesmo chuvoso, parece desenhado ao pormenor e pintado
com tanto cuidado quanto aquele com que se faz uma obra de arte.
Vir embora
é sempre, sem exceção, a parte complicada. Desta vez foi deixar para trás um fim-de-semana
de sonho e, com ele, os meus lisboetas; e foi chegar ao culminar de mais uma
etapa de um projeto.
Ainda que
voltar ao Porto seja ótimo, sem dúvida, despedir-me de Lisboa enche-me de uma
melancolia dicotómica que quase que dói.
Sem comentários:
Enviar um comentário