No último concerto a que fui, tal como o previra, a
maioria do público eram adolescentes. Na minha inocência, fiquei antecipadamente
descansada com a ideia de sair de lá com as roupas e o cabelo a cheirar a fumo
porque não só não se fuma em sítios fechados, como o espectro de idades não
incluiria fumadores.
Obviamente, dois erros crassos de julgamento embora,
na verdade, a sala fosse devidamente ventilada, o que me evitou um novo perfume
desagradável. Ainda assim, o que me impressionou foi que, tal como tinha
previsto, a plateia era, maioritariamente, composta por menores de vinte anos,
sendo que havia por lá muitos miúdos com os seus 13/14 anos. Até aqui tudo bem,
claro, só lhes faz bem. No entanto, o cheiro a ganza era intenso e quase todos
eles tinham um copo com conteúdo alcoólico nas mãos.
À primeira vista, é fácil ignorar, até porque os
miúdos hoje em dia têm aspeto de serem bastante mais velhos do que aquilo que
são, mas analisando melhor, era mesmo possível ouvir-lhes ainda as vozes que
não tinham passado pela transformação para a voz adulta e os comportamentos
imaturos de meninos, ainda quase crianças, cujo organismo é, obviamente,
incapaz de lidar com o álcool (ignoremos, para este efeito, as drogas).
De certa forma, consigo compreender a pressão dos
pares, o desejo de pertencer, de sentir aquela euforia que os outros dizem
experimentar, embora a mim, no baixo alto dos meus 28 anos, essa atitude de
ceder à corrente me pareça apenas absurda. Mas é para isso mesmo que se passa
por uma adolescência, certo? Para experimentar, fazer asneiras, cometer erros
e, no final do túnel, saber distinguir o certo do errado.
Há, todavia, outra questão que me faz confusão e que
é transversal a qualquer idade: o que é que leva pessoas a embebedarem-se
intensamente num concerto? Pagaram um bilhete, neste caso para ver ao vivo um
grupo a que não têm acesso sempre que lhes apetecer, e exageram no álcool
possivelmente ao ponto de ficarem com a mente tão turva que não só não
conseguem assistir devidamente ao concerto como, talvez, não conseguirão recordar-se
de nada no dia seguinte.
Nenhum vício é bom, nem mesmo os hábitos saudáveis
levados ao extremo, mas fico com pena – e algum receio, confesso – quando vejo
aqueles que há não muito tempo eram apenas crianças inofensivas optarem por
comportamentos desviantes que, em muitos casos, não têm retorno.
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