terça-feira, 24 de novembro de 2015

Voltar aos sítios onde fomos felizes

Dizem que não devemos voltar aos sítios onde fomos felizes, sob o risco de já nada ser igual: as imagens, as pessoas, as sensações, os pensamentos e as emoções.
Lembro-me de pensar assim quando arrisquei voltar a Paris um ano após lá ter vivido. Tinha-me apaixonado a sério pela primeira vez, tinha feito fortes amizades, tinha vivido momentos inesquecíveis. Tinha deixado na cidade uma parte significativa de mim e tinha deixado que a Paris de 2007/2008 passasse a ser parte integrante de mim.
Nada era como dantes, de facto. Tinham-se passado vários meses e aquela Paris já não era a mesma de 2007/2008, tal como eu. A minha rotina estava de volta ao Porto, a maioria das pessoas que lá conhecera tinha regressado a casa e as que por lá permaneciam tinham-se descentrado do nosso ponto de encontro. Desta vez estava lá de férias, temporariamente. Já não era aquele o meu dia-a-dia nem a minha casa.
Mas eu sabia disso e, ainda que não tenha sido possível escapar à nostalgia, aproveitei a minha estadia numa perspetiva diferente: a de alguém que já lá tinha sido feliz.
Talvez a expressão correta seja que não devemos voltar aos sítios onde fomos felizes com expectativas elevadas, sob o risco de saírem defraudadas e sermos incapazes de desfrutar desse regresso.
Ontem, sem ter feito planos para tal, fui novamente a um sítio onde fui muito feliz, que me ocupou a maior parte dos dias durante um relativamente longo período de tempo.
À entrada receei sentir um murro no estômago ou palpitações nervosas na viagem de retrocesso no tempo. Todavia, uma vez que não tinha podido dedicar-me sequer a criar expectativas, tratou-se apenas de fazer um mesmo caminho, ver algumas das mesmas caras, repetir um pouco de uma rotina há muito deixada para trás e que me trouxe ótimas recordações e sensações que tinham sido já postas de lado.
Devemos voltar aos sítios onde fomos felizes, sim. São esses os nossos refúgios seguros, nem que seja apenas no nosso imaginário.

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